quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre o começo do Filosofar

Filosofar quer dizer "afastar-se" - não das coisas concretas, mas das interpretações de cada dia. E isso não porque resolvemos ser diferentes e pensar de modo diverso dos outros, mas porque, de repente nos é mostrado um novo aspecto das coisas. É que nas coisas do dia-a-dia nos aparece o aspecto mais profundo da realidade, o qual não precisa ser procurado numa esfera do "essencial", separado do "concreto"; o olhar voltado para as experiências diárias descobre algo que não é de cada dia, algo que não é imediatamente evidente nas coisas. A atitude em que, desde sempre, se colocou o início de qualquer Filosofar é a ADMIRAÇÃO.

É pelo fato da filosofia começar pela admiração que se manifesta o carater fundamentalmente antiburguês da filosofia; a admiração é alguma coisa que não é burguêsa. Seja-nos peritido usar esta palavra com alguma liberdade [palavras minhas: o burguês é aquele tipo de pessoa que sempre pergunta: "e o que é que eu vou ganhar com isto?"].O que sinifica o emburguesamento do espírito? Significa antes de mais nada, adotar, de maneira definitiva e compacta, o mundo das necessidades imediatas da vida, em que as coisas perdem sua transprarência e nem mais se suspeita da existênbcia de um mundo mais profundo, mais essencial, "invisível", o das essências; quem assim não mais se extasia, seu espírito embotado de burguês tudo julga evidente. Mas, na verdade, o que é evidente neste mundo?

Texto entre colchetes de Arturo Fatturi
Extraído de Josef Pieper, O que é Filosofar? O que é Acadêmico?, São Paulo, EPU, 1981 (original em Alemão), pg. 26 - 27

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Fundamentos II

Um dos problemas que assola a Psicologia está ligado aos seus inicios, qual seja, o fato de que a Psicologia esteve muito ligada ao pensamento filosófico. Sob determinado ângulo isto não deveria ser um problema, contudo, devido à questões metafísicas que estavam envovidas na filosofia do perído, estas passaram para a Psicologia. Assim, a Psicologia iniciou como uma espécie de estudo da alma humana. Seu método principal era a introspecção. POr definição introspecção significa "ver dentro". No caso, era um ver dentro de si mesmo ou aceitar aquilo que outra pessoa relata através de suas introspecções pessoais. Em conseqüência a idéia de introspeção conduz a uma privacidade do mundo mental.

A tentativa de cientificizar a Psicologia é uma herança deixada por Auguste Comte. Comte não aceitava que o "interior" - que para ele era a alma - pudese ser objeo de estudo. Erige-se, desta forma, o que Hilton Japiassu indica como "veto positivista". Este veto, se bem compreendido, não afirma que a psicologia não pode ser uma ciência, antes o "veto positivista" implica que a Psicologia, para ser ciência, deverá utilizar apenas o método experimental e não o introspectivo. Coerente com sua afirmação de que o interior é metafísico, Comte exige que apenas se pode constituir ciência sobre objetos que sejam experienciáveis. Durante algum tempo este veto não foi compreendido em toda sua extensão, isto é, no que ele implicava para a construção da Psicologia. Muitos pensadores da área acreditaram que o veto dizxia rerspseito a não se ter encontrado uma maneira de tratar o interior ou a alma ou a amente de maneira objetiva.

Mas as coisas não ficam por aí....

terça-feira, 20 de março de 2007

Fundamentos

A Filosofia da Psicologia é um campo de questionamento tanto filosófico quanto psicológico. Normalmente os psicólogos elaboram teorias para as explicações psicológicas ou partilham de determinadas teorias da psicologia sem que, contudo, dêem-se conta que para cada teoria elaborada ou aceita há um pano de fundo filosófico que atua como garantia da elaboração da teoria. Um exemplo de tal "pano de fundo" filosófico é o comportamentalismo. A idéia de uma ciência psicológica se concretizou apenas quando ou a partir do momento em que os métodos da ciência se tornaram "paradigmas" de certeza. Além disto uma psicologia científica, tal como deseja o comportamentalismo, supôe que a psicologia apresente um objeto diferenciado de qualquer outro objeto. Ou seja, a psicologia deveria apresentar um objeto de estudo que não se confundisse com qualquer ciência existente. Ora, para que tal se desse a psicologia deveria "encurtar" - por assim dizer - seu campo de estudo. Não poderia tratar de um objeto definido como "o ser humano". Teria de especificar seu objeto de maneira radical.

O tema central da Filosofia da Psicologia é trazer à tona, analisar e esclarecer quais são os presupostos das teorias psicológicas, qual a epistemologia que determinadas aceitações teóricas partilha com outras ciências ou campos do saber. Por exemplo, se a Psicologia é uma ciência humana então ela devereá partilhar da mesma epistemologia, isto é, de uma forma de fornecer explicações que se coadunem com as ciências humanas. Evidentemente que tal afirmação é contenciosa, isto é, nem todos os psicólogos aceitarão etas afirmações. De qualquer forma, os pressupostos filosóficos da psicologia são vários: a mente, o comportamento, as emoções, os sentimentos, os reflexos, etc. Todas estas expressões possuem uma maneira de serem tratadas, isto é, de ser lhes dado algum significado. Conforme o tratamento que é dado ao significado de cada termo teremos o ponto de vista filosófico partilhado ou atuante.

Assim, tratar dos fundamentos filosóficos da psicologia implica em alguma quantidade de conhecimento da psicologia e da filosofia ao mesmo tempo. A grande vantagem de trabalhar com a Filosofia da Psicologia é a clareza que adquirimos quanto aos diferentes pontos de vista psicológicos do ser humano.